tragam-me as palavras
aquelas que não fazem falta
porém delas tenho medo
pugentes, pedradas
soam como soa a água maligna
deste mar que não se revolve
tragam-me os benefícios
e eles tragam devagar
injetam seu tempero murcho
no meu corpo semi-cerrado
onde nada encontram
apenas um diagrama sem nexo
tragam-me os pedidos de desculpas
que não vejo de onde vem
consomem o que há de novo
perpetuam carnes e meditações
inércia paralela e imputável
crescem sem se ver
tragam-me os dias
tragam-me as horas
tragam-me meu desejo de sobreviver
tragam-me minha vontade de voar
e nunca devolvem
.
(inspirado no comentário do amigo Auíri)
Um comentário:
Eu sempre quero mais.
Adorei o texto.
Legal o jogo com as palavras.
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