1.4.10

Tragam-me

tragam-me as palavras
aquelas que não fazem falta
porém delas tenho medo
pugentes, pedradas
soam como soa a água maligna
deste mar que não se revolve

tragam-me os benefícios
e eles tragam devagar
injetam seu tempero murcho
no meu corpo semi-cerrado
onde nada encontram
apenas um diagrama sem nexo

tragam-me os pedidos de desculpas
que não vejo de onde vem
consomem o que há de novo
perpetuam carnes e meditações
inércia paralela e imputável
crescem sem se ver

tragam-me os dias
tragam-me as horas
tragam-me meu desejo de sobreviver
tragam-me minha vontade de voar
e nunca devolvem

.
(inspirado no comentário do amigo Auíri)

Um comentário:

Auíri Au disse...

Eu sempre quero mais.





Adorei o texto.
Legal o jogo com as palavras.