18.1.10

Domingo

Na bela manhã de domingo

A relva ainda suada

Destila seu presente

Entre os ruminantes

Que permanecem

Em sua pacata existência


Nas fazendas e latifúndios

Não se diz nada além do essencial

“Corte mais cana, Manel”

“Lace o touro, Juvenal”

“Solte as vacas no pasto de baixo, Junim”

Não sem alegria

O vaqueiro interrompe a ordenha

Para apreciar o dia


As pessoas nas portas das casas

Alegremente desejam seu bom dia

Aos transeuntes

Varrem folhas, calçadas

Enquanto o feijão cozinha no fogo

No velho assovio da pressão


A estrada silencia

Com a passagem do ciclista

Que respeita, sobretudo

Aquele equilíbrio intimista


E na cidade

Os pedestres se acotovelam

Na disputa da surpresa do almoço

“O frango é pouco, minha gente

façam fila que ‘tá acabando de assar”

Diz o moço da padaria


Enquanto isso, o apito do trem

Anuncia mais uma vez

A interrupção diária

Do progresso


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Um comentário:

Anônimo disse...

Nossa Humberto, muito legal. Viajei aqui, que riqueza de detalhes, parece que a gente vai entrar no poema... Parabéns!!!