Na bela manhã de domingo
A relva ainda suada
Destila seu presente
Entre os ruminantes
Que permanecem
Em sua pacata existência
Nas fazendas e latifúndios
Não se diz nada além do essencial
“Corte mais cana, Manel”
“Lace o touro, Juvenal”
“Solte as vacas no pasto de baixo, Junim”
Não sem alegria
O vaqueiro interrompe a ordenha
Para apreciar o dia
As pessoas nas portas das casas
Alegremente desejam seu bom dia
Aos transeuntes
Varrem folhas, calçadas
Enquanto o feijão cozinha no fogo
No velho assovio da pressão
A estrada silencia
Com a passagem do ciclista
Que respeita, sobretudo
Aquele equilíbrio intimista
E na cidade
Os pedestres se acotovelam
Na disputa da surpresa do almoço
“O frango é pouco, minha gente
façam fila que ‘tá acabando de assar”
Diz o moço da padaria
Enquanto isso, o apito do trem
Anuncia mais uma vez
A interrupção diária
Do progresso
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Um comentário:
Nossa Humberto, muito legal. Viajei aqui, que riqueza de detalhes, parece que a gente vai entrar no poema... Parabéns!!!
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